Visão, legado e futuro: entrevista com Rosário Louro

 

Este mês abrimos a nossa newsletter com uma conversa inspiradora com a nossa querida Rosário Louro, CEO da Jervis Pereira, que partilhou connosco a sua visão sobre o seu percurso profissional, sobre a agência e os desafios enfrentados no setor da comunicação e aquilo que acredita ser essencial para o futuro.

  1. Nome, posição na empresa

Rosário Louro

CEO da Jervis Pereira desde 1994

 

  1. Quando se tornou CEO?

Em 1994 quando deixei o meu emprego de Secretária Geral de uma Federação Avícola onde trabalhava há 13 anos para me dedicar em exclusivo à Jervis Pereira, empresa que tinha fundado em 1989, mas à qual dedicava muito pouco tempo.

 

  1. Como surgiu a ideia de criação da Jervis? Qual era o objetivo na altura?

Desde sempre que soube que queria ter a minha própria empresa. Em 1989 fundei a Jervis para atuar no setor da consultoria económica e de gestão. Conhecia bem o setor agropecuário, tinha os contactos certos e sabia que teria uma boa aceitação neste mercado. Durante quase 10 anos a Jervis atuou na área da consultoria económica e de gestão, mas em 1996 iniciou também atividade de consultoria em comunicação e marketing.

Na verdade, a comunicação e o marketing sempre me interessaram. Mesmo quando trabalhava na Federação Avícola dediquei parte do meu tempo ao marketing, o que aliás se revelou quase revolucionário nos anos 80 quando pouco se sabia sobre estas matérias, muito menos no setor agropecuário.

A especialização em turismo acontece a partir de 1996 porque um dos nossos clientes de agropecuária resolveu abrir um hotel no Caramulo. Nessa altura a Jervis foi desafiada a lançar o Caramulo como destino turístico. À data, o Caramulo era um destino agropecuário, que nos anos 30 e 40 tinha sido uma estância senatorial de tratamento da tuberculose. Estava por isso longe de ser considerado um destino turístico. O desafio era aliciante porque partíamos do zero. Aceitamo-lo com entusiasmo e fomos muito bem-sucedidos. Depois disso nunca mais deixámos de trabalhar na promoção de destinos turísticos.

Em 2000 ganhámos a conta da Autoridade de Turismo da Tailândia que acabou por ser a nossa porta de entrada para a promoção de destinos internacionais. Em 2004 a consultoria económica deixou de ser o nosso core business e abraçámos por completo a comunicação e o marketing.

 

  1. Sempre sonhou ser CEO de uma empresa? E estar no mundo da comunicação, do marketing…? O que a cativou nestas áreas?

Ser CEO nunca foi um objetivo ou sequer um projeto de vida. Ser CEO é a consequência de quem quer desbravar terreno e controlar o seu próprio destino. Há dois tipos de CEO`s: Os Gestores e os Empreendedores. São ambos líderes, mas com perfis diferentes. Eu faço claramente parte do segundo grupo, dos empreendedores. Tenho uma ideia, defino um caminho, faço as minhas contas e executo-a. É quase uma compulsão! Foi assim toda a minha vida. Avanço sem medo e com a segurança de que sou capaz. Os empreendedores partem do Zero e arriscam. Os gestores gerem projetos que foram criados por outros. Ambos são necessários e indispensáveis ao crescimento das empresas.  

 

  1. Quais os principais desafios de estar à frente de uma empresa de comunicação em Portugal?

O meu principal desafio foi não ter tido formação nesta área, nem ter o perfil dos consultores de comunicação tradicionais que, na generalidade, são ex-jornalistas. Eu vinha da área das ciências, eles da área das letras.

Sempre tive uma ideia muito precisa do que devia ser uma agência de comunicação e sempre soube que a minha visão não era coincidente com a dos típicos consultores de comunicação. Para os consultores tradicionais a assessoria mediática era “a alma do negócio” e tudo o resto eram “bonecos”. Eu sempre acreditei que a comunicação só faz sentido se for integrada, i.e, se combinar estratégias de marketing, publicidade, eventos, assessoria mediática, redes sociais e mais recentemente marketing de influência. A assessoria mediática isolada é fortemente redutora e nunca permite alcançar grandes resultados.

Esta visão da comunicação marcou a cultura da Jervis desde a sua fundação e tem sido um dos nossos principais fatores distintivos face à concorrência. Hoje, já está tudo mais uniformizado e quase todas as agências oferecem outros serviços para além da assessoria mediática, mas nos anos 90 e na primeira década de 2000 isso não acontecia. Éramos claramente uns outsiders que a concorrência não reconhecia entre os seus pares, mas a quem os clientes davam crédito porque percebiam os benefícios do nosso posicionamento.

 

  1. Que conselhos dá a alguém que sonha ser CEO?

Um CEO bem-sucedido tem necessariamente que ter duas características – ser seguro e confiante.  Se for esse o caso, o conselho que dou é “Não tenha medo, avance. Vai errar e falhar algumas vezes, mas no final vai valer a pena.”

 

  1. Quais foram os momentos mais marcantes da sua trajetória à frente da Jervis.

Em 1996, o projeto do Caramulo, que nos lançou no turismo.

Em 2000, a representação oficial da Autoridade de Turismo da Tailândia, que foi decisiva para nos projetar na comunicação de destinos turísticos internacionais;

Em 2007, a conceção estratégica e o acompanhamento do programa da AEP “Compro o que é Nosso”, mais tarde convertido em “Portugal Sou Eu”;

Em 2013, o lançamento da Feira das Viagens que nos permitiu estabelecer uma relação ímpar com o trade turístico nacional;

Em 2018, a adesão da Jervis à rede internacional PR World Network;

Em 2020, a representação oficial do Turismo do Dubai.

Todos estes parceiros continuam ligados à Jervis e têm–nos proporcionado experiências profissionais e humanas únicas e inesquecíveis.

 

  1. A nível pessoal e profissional, o que a deixa mais feliz

A nível pessoal, a minha família, principalmente o meu marido, filho e netos. São o meu maior apoio e os meus principais conselheiros.  Tenho a sorte de ter uma estrutura familiar muito sólida que me preenche completamente e que é sempre a minha primeira prioridade.

A nível profissional sinto-me realizada porque gostei de tudo o que fiz. Desde que saí da faculdade tive oportunidade de conhecer pessoas e participar em projetos interessantíssimos e de trabalhar com equipas excecionais. No fundo, para mim trabalhar foi sempre uma forma de me sentir útil e passar o tempo de maneira agradável.

 

  1. Que mensagem gostaria de passar à equipa, clientes e parceiros que a acompanham/acompanharam nesta jornada?

Não percam um minuto a fazer coisas que não gostam. A vida é muito curta e não podemos ocupar o nosso tempo a ser infelizes.

 Assista à entrevista completa aqui: [Inserir link para o vídeo]

 

Newsletter_-_Interior_Noticia