Qatar Airways abre uma janela de oportunidades a Portugal
Sábado, 6 de julho de 2019
Recentemente fomos contratados para comunicar o lançamento do primeiro voo da Qatar Airways para Portugal. Na altura, pareceu-me apenas mais um cliente para o qual iríamos fazer uma mera ação de assessoria mediática, igual a tantas outras.
Começaram por nos pedir para organizarmos uma conferência de imprensa para as 06h00 da manhã, no Aeroporto de Lisboa, para que os jornalistas pudessem assistir ao batismo da chegada do primeiro avião. Depois de ter feito meia dúzia de telefonemas, tive que informar a Qatar Airways que nenhum jornalista português se levantaria às 04h00 da manhã para ir ao aeroporto, a não ser que fosse para viajar. O batismo de um voo não era de facto uma notícia que justificasse tamanho sacrifício.
Um dia após a minha informação recebo um telefonema da Qatar Airways a dizer: "Tudo bem, então levamos seis jornalistas no voo inaugural a Doha". Pensei para com os meus botões "Para grandes males grandes remédios". Escusado será dizer que os jornalistas aceitaram o convite no mesmo minuto e esqueceram rapidamente o problema da madrugada imoral.
Chegou o grande dia e, às 06h00, lá estávamos todos no aeroporto para assistir ao batismo do voo. Normalmente não sou eu que acompanho estas ações mas desta vez não resisti à curiosidade de ver de perto o que se ia passar.
Quando cheguei ao check-in vi as hospedeiras todas perfiladas com um enorme sorriso nos lábios e o staff de terra reunido para um briefing de receção dos convidados. Havia um certo nervosismo no ar e uma excitação quase infantil. Eu própria me emocionei porque, afinal de contas, estávamos perante um momento muito importante para os dois países. Não só celebravamos o arranque da operação em Portugal (com voos diários que nos ligam a rotas para mais de 160 países) mas também o início de uma nova Era nas relações comerciais e diplomáticas entre Portugal e o Qatar.
As implicações económicas, políticas e geoestratégicas deste novo voo são imensas e ainda difíceis de avaliar. Para já, o efeito foi imediato no preço dos voos de várias companhias aéreas. Por exemplo, para a Tailândia os preços dos voos da Emirates e da Turkish caíram para metade. Mas acredito que o impacto nas exportações portuguesas será ainda maior. Presentemente, o Qatar tem um embargo dos EUA e de vários países do Médio Oriente com os quais tem fronteira. Há falta de produtos em quase todos os setores de atividade e os que existem são caros. Portugal tem aqui uma enorme janela de oportunidade, havendo já investidores à espreita dos dois lados.
A receção que se seguiu com a presença de embaixadores dos dois países, CEO's da ANA e da Qatar Airways, jornalistas e convidados VIP fazia todo o sentido. O que não fez sentido é que a Secretária de Estado do Turismo, cuja presença estava confirmada, não tivesse marcado presença nem se fizesse representar.
Rosário Louro